1.07.2007

simplesmente Genial!

Que hei-de eu fazer
Eu tão nova e desamparada
Quando o amor
Me entra de repente
P´la porta da frente
E fica a porta escancarada
Vou-te dizer
A luz começou em frestas
Se fores a ver
Enquanto assim durares
Se fores amada e amares
Dirás sempre palavras destas
P´ra te ter
P´ra que de mim não te zangues
Eu vou-te dar
A pele, o meu cetim
Coração carmesim
As carnes e com elas sangues
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
E se um dia a razão
Fria e negra do destino
Deitar mão
À porta, à luz aberta
Que te deixe liberta
E do pássaro se ouça o trino
Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida

Sérgio Godinho, Ligação directa

10.22.2006

O Guardião

Findo mais um sábado, mais uma nota cinematográfica.
Desta vez ao Guardião.

Eu até gosto do Kevin Costner enquanto actor, mas de algum tempo para cá, de cada vez que vejo um filme com o Kevin Costner parece que já o vi antes, falta qualquer coisa, a surpresa de um argumento realmente original, uma ou outra reviravolta no enredo... Foi isso que aconteceu no Guardião. Demasiados clichés num argumento sofrível, um filme que quer incluir todos os ingredientes americanos, o herói, o xico esperto que acaba ele próprio por se transformar em herói, a escolha entre a profissão e o romance, os momentos cómicos, a brutalidade do treino militar... Os actores safam-se, todos bastante bons. O filme não desaponta, mas também não surpreende.

P.S. E qual é a nóia do Kevin Costner com a água? Não havia necessidade do replay de cenas da Tempestade...

10.21.2006

SODELINARIEDADE!



 SODELINARIEDADE! É o que faz falta, para ajudar as pessoas e os aleijadinhos.

Interrupção Voluntária da Gravidez

Então vamos lá dar início às discórdias, às polémicas e às hostilidades. Está decidido, vai mesmo haver novo referendo ao aborto. Em meu ver, questão que não deveria ser novamente sujeita a consulta popular, o povo manifestou-se nas eleições legislativas, agora os senhores façam o favor de legislar.
Mas claro que é conveniente ao Governo ter um tema que gera indubitavelmente discussões muito acesas e acaba por tomar de assalto a opinião pública, enquanto outras alterações legislativas não menos importantes passam para segundo plano.
É mais uma boa oportunidade de ir fazendo mais merda neste país já de si cagado, sem que ninguém se aperceba completamente antes de ser tarde demais.
É como o mundial de futebol numa escala menor.

Antes de eu própria embarcar nessa nau e começar a fazer comentários diários às barbaridades que vou ouvindo, cá fica a minha opinião. Não prometo não voltar a bater na mesma tecla, mas prometo ficar atenta a tudo o resto. Engenheiro Sócrates, tou d'olho em ti e nos teus amigos! Oposição, toca a abrir a pestana!

Palma

Porque é que eu fico de lágrimas nos olhos, com pele de galinha,
com um nó na garganta ou de sorriso teimoso por causa do Jorge?

Por causa desta e doutras...


Amora Morena


Amora Morena, o Douro só fala de ti, eu vou já
Lá fora cai chuva mas cá dentro faz mais sol que no Sará
Porque hoje eu vou voltar a ver-te e contar-te
Mais coisas sobre o meu mundo
Porque hoje eu vou poder sentir-te
Bem perto, bem fundo

Amora morena, é bom saber que existes
Tu sabes-me bem
Amora morena, para mim tu tens um gosto
Que mais ninguém tem

Agora é o Tejo a dizer-me "mais meio caminho e já está!"
E aposto que o dia amanhã vai ser o dia mais lindo que há
Que a bela aurora nos vai encontrar juntos
A salvo do burburinho
Então eu vou fechar os olhos
E cantar baixinho

Amora morena, é bom saber que existes
Tu sabes-me bem
Amora morena, para mim tu tens um gosto
Que mais ninguém tem

Amora menina, menina dançando com o vento suão
Dançando morena, amora batendo no meu coração
Enquanto o meu comboio vai deslizando
Nas linhas do meu destino
Tu vais chegando sempre mais
Mais do que eu imagino

Tu sabes-me bem
Tu tens um cheiro
Que mais ninguém tem 

10.05.2006

Meia dose

Parece mentira, parece piada, mas é com meia dose de tristeza e meia dose de escárnio que vos chamo a atenção para esta auto-intitulada “boa meia-dose”.

Quase ao nível de Paula Bobone quando do alto da sua tiara exclamava que ser sem-abrigo era uma opção de vida, Maria José Nogueira Pinto afirma em entrevista ao semanário Sol de passado dia 30 de Setembro as seguintes pérolas:
“As pessoas que trabalham comigo sabem que, nos momentos de grande crise, quando é preciso reflectir e tomar decisões, vou para a Zara.”
“Ainda noutro dia, em Amesterdão, comprei uma carteira de avestruz por dez euros.”
“ (…) Sempre achei que as mulheres não deviam ser desmazeladas. Uma mulher desmazelada não serve para nada.” – Ao que pergunta José Fialho Gouveia (cuja expressão facial, confesso, gostaria de ter observado, bem como as suas nuances ao longo da entrevista): “O que é uma mulher desmazelada?” Meia-dose…, perdão…, a Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, responde: “É uma mulher que não se trata, que não se penteia, que não se pinta um bocadinho, que não tem um berloque, uma roupinha da Zara. Hoje, as mulheres desmazeladas não têm desculpa. Não as imagino a tomar conta de nada. Os filhos também andam desmazelados, a casa deve ser um caos, não deve haver jantar. Ter uma mãe desmazelada deve ser traumático. Lembro-me de amigas minhas que sofriam muito. Uma mulher desmazelada acaba por desmazelar tudo à sua volta.” “E uma mulher pindérica é o quê?” “É desmazelada. Cabelos sujos, coisas assim, não está a ver?”

Ver para crer: aqui.

Longe de mim criticar as tias, dondocas, betinhas deste mundo. Que muitas queques são certamente muito boa gente, inteligentes e valiosas para a sociedade. E outras serão fúteis, ocas, vazias, pretensiosas e artificiais. Discriminar pela etiqueta da roupa é uma discriminação feia como outras.
Não posso, porém, deixar de soltar algumas dúvidas e exclamações a propósito da inquietação que esta entrevista me suscitou.

Não sei se algum leitor distraído pensou estar perante uma campanha publicitária agressiva da Zara, estampada que estava a foto em pose elegante, repetido que era o nome. Público-alvo: mulheres decisoras que, não encontrando amparo em assessores, livros, reflexões sobre a realidade em que se inserem, entram na capital da fast-fashion e aí sim a inspiração lhes assiste, quiçá sob a forma de estola de lantejoulas cosidas à mão por miúdas indianas de 12 anos que trabalham 14 horas por dia sem luz suficiente para alimentar as bocas de pais e irmãos enfermos; donas-de-casa de classe média-alta, muito prendadas que, depois de cumprirem o seu dever doméstico que garanta jantar na mesa (entenda-se, deixar a ementa escrita de forma a que a doméstica ucraniana decifre o que os patrões querem que ela cozinhe), têm de ocupar o tempo que lhes sobra antes da marcação para a manicura e a aula de step e a seguir aos 20 minutos semanais de solário; e ainda, e sobretudo, as desmazeladas-despenteadas-sem berloques, que afinal também têm algum direito de serem reconhecidas como gente de bem (obviamente não o serão sem que naquele cabelo surjam umas madeixas bem desenhadas a louro-dourado com cerca de €40, sem que os pés gretados se disfarcem numa sandalocha de missangas coloridas com o salto da moda de €35 e, muito menos, sem a toilette apropriada que, forçosamente, tem de incluir detalhes dourados ou prateados – bastam umas letrinhas na frente da t-shirt de €15).
Peço desculpa pelo abuso de estereótipos e sarcasmo a bem da tolerância humorística (se não me risse teria de chorar); está-me no sangue que não é nada azul… Não sei se está a ver…
É realmente possível que pessoas com cargos políticos de destaque estejam alheados da realidade de tal modo que não lhes cruze o pensamento que há famílias inteiras a viver mensalmente com quantias que não chegam sequer para comprar um tailleur na Zara?! Desmazelo, Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, é ter a cabeça despenteada por dentro. Poupar em cabeleireira e nos berloques para dar aos filhos mais algum pão e agasalhos é o que de mais chique uma Mulher pode fazer. Porque a real pobreza é a de espírito.


Nota Editorial: Post escrito integralmente enquanto a Dona do Blog enverga T-shirt patrocinada por marca de telemóveis, branca e já muito usada, que não combina com calças de pijama seguramente com mais de 10 anos, em tons pastel. Os pés estão nus e sobre as pernas, a cara sem vestígio de maquilhagem. Berloques: zero. A Dona do Blog não tem orelhas furadas, detesta colares e pulseirinhas e tem um ódio vincado por todos os objectos de ouro, dourados e afins. A Dona do Blog só vai à cabeleireira quando estritamente necessário e ainda assim, apenas para “lavar e cortar”; hoje o cabelo está solto e sem penteado definido. A Dona do Blog orgulha-se de não possuir calçado que custasse mais de €25 e essa foi uma ocasião excepcional em que um par de ténis verdes fabulosos lhe foi oferecido, há talvez seis anos (ainda os calcei a semana passada). A Dona do Blog não é fufa. Será a Dona do Blog uma desmazelada que só se deu ao trabalho de escrever esta crónica por despeito?


Segunda Nota Editorial: A Dona do Blog faz esfoliações à pele de cara e corpo, faz a depilação frequente em todos os sítios indispensáveis. A Dona do Blog é incapaz de pôr a cabeça de fora da janela sem antes ter tomado o seu banho diário, troca a roupa interior diariamente, jamais esquece o cuidado anti-olheiras. Os dentes são lavados religiosamente, pelo menos três vezes ao dia, esquecer o batom hidratante é um factor de stress. O cabelo não dispensa uma lavagem por dia, 2 minutos de amaciador e o tratamento para pontas. Jamais alguém poderá dizer que viu uma unha suja nestas mãos (nota-se que não trabalho com a enxada). A Dona do Blog ainda não foi a Amsterdão mas já viu carteiras de Avestruz a €5 na Ramona das Malas, Feira do Feijó. A Dona do Blog compra na Zara e na H&M, na época dos saldos, na loja do chinês, na feira e na La Redoute. Sem cheta, mas lavadinha.




 

The Constant Gardener



Um filme arrebatador, tão belo que fere os olhos,
tão perturbador que revolve as entranhas.
Que fotografia, que extraordinários actores!
O Meireles é o melhor realizador de todos os tempos!

Estou apaixonada por este filme, como raramente acontece.


9.24.2006

5 minutos

Em cinco breves minutos podem mudar vidas, rumos...

Menos de cinco minutos foi quanto tempo precisei para pasmar ao olhar para 
o dourado pálido das searas e o achar perfeitamente deslumbrante. Cinco segundos demoraram os meus olhos a pestanejar várias vezes e ver pequenas nuvens subaquáticas de areia transformarem-se num espectáculo digno de fazer estagnar o universo em júbilo. É bom parar para contemplar a beleza, que está realmente em todo o lado. É bom "andar espantado de estar vivo", já diria João Sem Medo.

Outros breves minutos são menos prazeirosos... Em cinco minutos se destroem ilusões, anos de planos para o futuro, laços até então tão apertados. Basta uma frase reveladora, uma mentira, uma desilusão grande. Em cinco minutos se decide entre a vida e a morte, o riso e a lágrima.

Hoje escolho acolher a mágoa com serenidade. Talvez porque não acredite.

9.14.2006

Uma coisa que eu gosto...

É desta canção.
Gosto da letra, do ritmo, da música,
da voz da Lúcia Moniz,
gosto da irreverência e da
exposição despretensiosa. 


DIZER QUE NÃO - Lúcia Moniz

Diz-lhe que não
Diz-lhe que tudo acabou
Que é sempre mais feliz
Aquele que mais amou

Chega de juras de amor
Promessas de amor eterno
Para algum tempo depois
Voltarmos ao mesmo inferno

Por vezes é mesmo assim
Não há outra solução
Dói muito dizer que sim
Dói menos dizer que não

Ye Ye
AAAIE

Diz-lhe que não
Diz-lhe que tudo acabou
Que é sempre mais feliz
Aquele que mais amou

Diz-lhe que chega de ouvir as frases habituais
Chamou-me a maior paixão da vida
Coisas banais
Maior ou não, pouco importa
Ser a única isso sim

Diz-lhe que não me enganou
Enganou-se ele por mim

Ye Ye
AAAIE

Diz-lhe que não
Está na hora de acabar
Mas por favor não lhe digas
Que ainda me viste chorar

Ye Ye
AAAIE


9.12.2006

Jovial

Imagens fechadas em gavetas da memória, imagens com relevos a preto e a branco, trazem segredos e cintilam. Nasce o sorriso da felicidade que É porque o passado não se altera e só perde o valor se cada um se perde nas suas auto-comiserações. Faz falta lavar o espírito só com memórias arejadas e luminosas.

9.08.2006

Caminho por entre meadas de gente apressada, com destino e sem rumo talvez, oiço um bater de asas a ecoar na catedral das intersecções.
Dirijo-me à luz e começo a sentir-lhe o cheiro. Fresco e límpido, refresca a jornada rotineira. Afaga-me as cavidades nasais e inunda-me com vontade os pulmões. Ah, doce, o aroma deste que me acompanha desde o primeiro dia. Flutuo sobre o seu pano de temperança nos derradeiros momentos que me dão, finalmente, temperança e sorrisos interiores. Torno a repetir-me a mesma verdade inabalável: eu adoro o rio! Na paisagem, o sol ameaça despedir-se, as pontes e cidades tornam-se sépia e só o azul do rio permanece.
Fecho o diário, fecho os olhos... Deixo a janela aberta para saber a proximidade do rio, durante o sono, não vá perder-me e deixar de saber onde é o meu lugar.
Até amanhã, Tejo.

9.07.2006

Posta de Pescada

Detesto blogs de gajas!
Não todos, claro. Mas aqueles blogs que olhas pra eles e só podem ser duma gaja (ou duma hiper-megabicha), de tanta florinha e lacinho e coraçãozinho a brilhar. Catano, que até fere a vista duma
gaja menos inclinada pra essas cenas pirosas e vulgo femininas.
Mulher que é Mulher não vive rodeada de ursinhos de peluche, almofadas de cetim e lacinhos de renda cor-de-rosa. Por favor... E depois os homens é que têm dificuldade em crescer? Sim, têm, são sem excepção putos grandes. My point is... não são os únicos.
São as gajas do salto agulha e cuequinha cor-de-rosa que criam esses mitos, porque apontar o dedo cheio de anéis de ouro e pedras falsas com a sua terminação na caríssima unha de gel ou manicure francesa que esconde a caca acumulada de 3 semanas é muito mais fácil que admitir que o fascínio dum homem por uma Playstation não difere do fascínio duma mulher por coleccionar sapatos.
Onde é que os nossos paizinhos começaram a errar? No berço, quando vestem de rosa as meninas e de azul os meninos. Deve ser por isso que eu saí do contra, a minha rica mãezinha nisso teve todo o mérito: abaixo os laços e florzinhas, viva as cores "sexualmente neutras", abaixo brincos nas orelhas dos recém-nascidos (coitadinhos, que não se sabem defender) e fitas cor-de-rosa pra segurar o cabelo (mas qual cabelo!?!)! E brinquei com pistas e carrinhos, com legos e piões, com muitas Barbies também, com pinturas e com bichos. E brinquei às comidinhas e às roupinhas, joguei ao prego e ao elástico. Abaixo os estereótipos e vivam as diferenças de géneros.
E abaixo os blogs de gajas... Xiça, que não há pachorra...

Posta Primeira

E se toda a gente tem blogs, porque é que eu não hei-de poder ter? E porque não hei-de falar da TPM, de unhas encravadas, de amores frustrados, fantasias e histerismos? E porque não hei-de usar a blogosfera para despejar uma porção das palavras tontas que me passam pela mente diariamente, ou falar mal do chefe ou contar peripécias e confessar segredos indizíveis?

Se não há razão para não o fazer... Fá-lo-ei.